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ABNT NBR 15287:2025 – O Guia Completo para Projetos de Pesquisa

#199 | ABNT NBR 15287:2025 – O que mudou para projetos de pesquisa?

O que você vai encontrar nesse conteúdo:

A publicação da norma ABNT NBR 15287:2025, no dia 18 de março de 2025, representa uma atualização significativa no modo como projetos de pesquisa devem ser apresentados no Brasil. Trata-se de um documento técnico normativo com aplicações diretas no ensino, na iniciação científica, nos trabalhos de conclusão de curso (TCCs), nas dissertações de mestrado e nas teses de doutorado.

Este artigo busca aprofundar a compreensão dessa norma, estabelecendo paralelos com a versão anterior (2011), destacando os fundamentos teóricos implícitos e propondo caminhos para sua apropriação crítica no contexto educacional contemporâneo.

Por que a ABNT NBR 15287 é tão relevante?

Projetos de pesquisa são mais do que uma exigência burocrática acadêmica: são documentos fundacionais que organizam o pensamento científico, justificam o problema, definem os objetivos e planejam os meios de investigação. A norma NBR 15287 cumpre, nesse contexto, uma função epistemológica e metodológica: padronizar para validar.

Sua função vai além do aspecto estético. Ela promove legibilidade, coerência estrutural, comparabilidade entre projetos e alinhamento com princípios de integridade científica. Ao atualizar essa norma, a ABNT responde a transformações no modo de produzir ciência — mais interdisciplinar, digital, aberta e ética.

O que muda na NBR 15287:2025?

A nova norma não rompe com a anterior, mas introduz melhorias técnicas, reorganização da estrutura e detalhamento de aspectos antes pouco claros ou ambíguos

A seguir, cada bloco é analisado em profundidade.

1. Elementos Pré-Textuais

Capa
Agora explicitamente opcional, a capa segue uma ordem lógica: nome da instituição, autor, título, subtítulo (se houver), cidade e ano. A norma preserva o modelo tradicional, mas permite certa flexibilidade institucional.

Folha de rosto (obrigatória)
Inclui campos como:

  • Nome do(s) autor(es),
  • Título e subtítulo,
  • Tipo de projeto (IC, TCC, dissertação, etc.),
  • Nome da entidade a que será submetido,
  • Nome do orientador e coorientador (se houver),
  • Local e ano.

Destaque: a norma abre espaço para personalização institucional, autorizando a inclusão de dados curriculares do autor em página separada após a folha de rosto — algo particularmente útil em processos seletivos de pós-graduação e editais.

Listas (ilustrações, tabelas, abreviaturas, símbolos)
São opcionais, mas sua formatação segue regras rigorosas:

  • Ordem de aparição no texto,
  • Indicação do tipo de elemento (ex: “Quadro”, “Gráfico”, “Figura”),
  • Número da página onde se encontra.

Sumário
Elemento obrigatório, deve seguir a NBR 6027. A norma reforça a exigência de correspondência entre o sumário e a ordem real do texto, garantindo navegabilidade e transparência.

2. Elementos Textuais

Esta é a seção mais densa e, pedagogicamente, mais relevante para a construção do raciocínio científico. A NBR 15287:2025 exige uma estrutura lógica composta por:

  • Introdução: apresentação do tema, delimitação do objeto de estudo e contextualização.
  • Problema de pesquisa: deve ser claro, delimitado, relevante e passível de investigação.
  • Justificativa: articulação entre relevância científica, social e acadêmica.
  • Objetivos: formulação do objetivo geral e dos objetivos específicos, com coerência entre si.
  • Hipóteses: quando aplicável, devem ser formuladas de forma testável.
  • Fundamentação teórica: revisão crítica da literatura atualizada e relacionada ao problema.
  • Metodologia: definição do tipo de pesquisa (qualitativa, quantitativa, exploratória, etc.), técnicas, instrumentos, população e amostra.
  • Recursos e cronograma: recomendados, organizados em forma de tabela ou diagrama.

A norma valoriza a coerência entre os elementos. Introdução, problema, objetivos, metodologia e cronograma devem estar interligados como partes de um mesmo argumento científico.

  1. Elementos Pós-Textuais
  • Referências (obrigatórias): seguem a NBR 6023. A norma não flexibiliza esse ponto, reforçando a necessidade de um aparato bibliográfico robusto e normatizado.
  • Apêndices (opcionais): elaborados pelo autor, são utilizados para complementar a argumentação com dados que, se incluídos no corpo do texto, sobrecarregariam a leitura.
  • Anexos (opcionais): documentos não elaborados pelo autor (como leis, mapas, entrevistas integrais), que exigem nota de rodapé com a fonte de origem.
  • Glossário e índice: recomendados em pesquisas com vocabulário técnico ou estrutura extensa. O glossário deve estar em ordem alfabética, e o índice, conforme a NBR 6034.
Regras Gerais de Formatação

Item

Regra

Papel

Formato A4, branco ou reciclado

Fonte

Arial ou Times New Roman, tamanho 12

Cores

Texto em preto; uso de cores restrito a ilustrações

Espaçamento

1,5 em todo o texto; 1,0 em citações longas, legendas, notas e referências

Margens (anverso)

Sup/Esq: 3 cm; Inf/Dir: 2 cm

Margens (verso)

Sup/Dir: 3 cm; Inf/Esq: 2 cm

Paginação

Numeração aparece a partir da parte textual

Numeração das seções

Conforme NBR 6024, com títulos destacados (sem caixa alta obrigatória)

DICA: Elaboração automática de referências bibliográficas e formatação segundo a ABNT

Clique na imagem para acessar a ferramenta ou aqui

assistente IA para ABNT
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Considerações críticas e orientações finais

Embora a norma seja voluntária no sentido jurídico, ela é obrigatória em quase todos os contextos acadêmicos, principalmente quando definida nos regimentos internos de universidades, nos editais de fomento e nos comitês de ética.

A nova versão promove:

  • Harmonização com normas correlatas (como a NBR 14724:2024 e NBR 10520:2023);
  • Maior transparência e padronização na estrutura dos projetos;
  • Alinhamento com o rigor necessário para validação metodológica e ética dos estudos.

Recomendo que docentes, bibliotecários e núcleos de pesquisa atualizem seus manuais institucionais com base nesta norma, especialmente porque muitos erros em projetos não derivam da ciência em si, mas da forma de apresentação do pensamento científico.

Prof. Alberto Claro

Doutor em Comunicação Social; Professor de Administração da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; Investidor-anjo em empresas de tecnologia, entretenimento e gastronomia; Diretor de Comunicação (voluntário) da Casa da Esperança de Santos®; Palestrante nacional e internacional na área de Administração, Comunicação e Marketing.

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