Entidades desenvolvem trabalho social
Da Sucursal de São Vicente
SUZANA FONSECA
Embora não se tenha ao certo o número de Organizações Não-Governamentais (Ongs) que atuam em São Vicente, a maioria desenvolve ações sociais junto à comunidade. Pelo menos 57 estão registradas no Conselho Municipal de Assistência Social da Cidade. Já as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), de acordo com o Ministério da Justiça, são oito. Em locais onde o Poder Público e a iniciativa privada não chegam, os representantes do terceiro setor são fundamentais para evitar o aparecimento do quarto setor: o crime organizado. Apesar de geralmente contarem com parcos recursos e a boa vontade de voluntários para atender às necessidades de parcelas carentes da população, as ONGs desempenham papéis que, a princípio, caberiam ao Estado prover ou dar condições às pessoas de obterem: alimentam, dão roupas, assistência jurídica, oferecem creches para as mães que precisam trabalhar e encaminham adolescentes e jovens, capacitando-os através de cursos profissionalizantes. ‘‘Às vezes, a própria comunidade cria essas organizações para cuidar dos próprios problemas’’, observa o coordenador dos cursos de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da Universidade Católica de Santos (UniSantos), José Alberto Carvalho dos Santos Claro. Essas organizações, como explica o coordenador, acabam sendo criadas junto a igrejas e sindicatos. ‘‘Elas são importantes para suprir as deficiências do Estado na hora de atender às necessidades da população’’. Quarto setor Justamente em locais onde a presença do Poder Público e da iniciativa privada é pouco visível ou inexistente é que as ONGs são ainda mais importantes. Como adverte Claro, quando esses três setores não ocupam espaços na comunidade é que surge o crime organizado. ‘‘Nesse caso, quem provê soluções para a comunidade é o líder do tráfico’’, explica o coordenador, acrescentando que por essa razão é importante a interação entre os três primeiros setores. De olho nessas comunidades carentes é que foi fundada, há 32 anos, a Associação Presbiteriana de Ação Social Reverendo Elcias Alves de Melo, da Igreja Presbiteriana de São Vicente. Se o nome é grande, maior ainda o alcance social dos trabalhos desenvolvidos pela entidade, mantenedora do Lar Criança Feliz. O alvo é a família cuja renda per capita (por pessoa) seja de meio salário mínimo (R$ 150,00) e as mães trabalhem. ‘‘Damos atendimento a crianças em idade escolar e creche, adolescentes e jovens’’, conta a assistente social da entidade, Eliana Xavier Oliveira Valentim. A associação possui três unidades, cada uma em um bairro da Cidade: Vila Margarida, Centro e Parque São Vicente. Crianças de 3 a 5 anos são atendidas nas creches; as que estão em idade escolar participam de cursos, como artesanato e informática, e os adolescentes e jovens freqüentam cursos profissionalizantes. Ao todo, 500 pessoas são atendidas. Ajuda O Lar Criança Feliz é classificado como Oscip e recebe ajuda da Prefeitura, que cede professores e é responsável pela entrega da merenda oferecida aos alunos. Apesar de contar com a ajuda de voluntários, 30 pessoas que trabalham na entidade são contratadas em regime celetista. ‘‘Somos pagos pela instituição’’, afirma Eliana. Já um exemplo de ONG, que não tem ajuda do Poder Público, é a Casa de Acolhida São Francisco de Assis, localizada na Vila Voturuá. Neste local, cerca de 60 voluntários se revezam para cozinhar e servir moradores de rua, que todos os dias fazem fila à espera de um prato de comida. Enquanto um cuida de crianças e jovens, enquanto as mães saem em busca do sustento da casa, o outro está voltado para pessoas mais velhas, sem emprego e, na maioria das vezes, sem casa. Oscips na Cidade Associação Cellula Mater Fundação Primeira de São Vicente para o Desenvolvimento Cultural, Científico e de Prestação de Serviços (Fundasv) Agência Brasileira de Gerenciamento Costeiro Associação dos Artistas Associação em Defesa da Saúde e da Família de São Vicente (Adesaf) Associação Vicentina de Assistência à Saúde e Cidadania (Avisa) Ilê Orixá Igá — Centro de Estudos Esótericos Afro-Brasileiro Instituto Amigos da Guarda Municipal (IAGM) Fonte: Ministério da Justiça Leia também: » Terceiro setor emprega mil trabalhadores » Organizações atuam no meio ambiente » Participação começou nos anos 40 » Agenda 21 critica a falta de profissionalismo nas Oscipis |