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Algumas definições sobre Fatores de Impacto
O estímulo que tive para escrever esta postagem veio de alguns orientandos, alunos e colegas professores que possuem dúvidas sobre citações e suas contagens, fatores de impacto, gerenciamento de referências bibliográficas e outras práticas na Academia.
Então vamos lá! Comecemos! Indico ao final mais algumas fontes de leitura sobre o tema e que ajudaram a construir esta reflexão. Trata-se de um texto introdutório, sem intenções de aprofundar a discussão, o que deve ser objeto de estudo de cada um.
Quando enveredamos pela carreira acadêmica e nos dedicamos mais à pesquisa científica, publicar é essencial, digamos até fundamental. No entanto, precisamos conhecer um pouco de como “a coisa” funciona para não perdermos o foco ou até mesmo incorrer em erros por desconhecimento da “regra geral”.
Inclusive o fator de impacto ajuda a construir o nosso QUALIS CAPES.
Conheça algumas definições que serão úteis ao seu entendimento, segundo a base de dados SPELL da ANPAD:
- Citações: somatório das citações recebidas por um autor, artigo ou periódico, num determinado período de tempo, calculado a partir das referências existentes na base de artigos..
- Registro: qualquer trabalho integrante de edições de periódicos da base sendo utilizada. Pode ser um artigo, editorial, resenha, indicações bibliográficas, caso de ensino, indicação bibliográfica entre outros.
- Artigos citáveis: número de artigos publicados num determinado período de tempo por um periódico da base utilizada. Não são considerados artigos citáveis: editorial, resenha, indicações bibliográficas, caso de ensino, indicação bibliográfica entre outros.
- Autocitação: citação realizada por artigos publicados num periódico a outros artigos deste mesmo periódico.
Por quê publicar?
Publicar, em Ciência, é ter o seu relato de pesquisa (também chamado de manuscrito, por mais que hoje nós não o façamos à mão) validado pelos pares (seres como nós que estão na mesma área de atuação e que avaliam nosso texto – e nós podemos avaliar o texto dos demais).
Portanto, desenvolver pesquisas originais é o início de um trabalho longo e árduo até a publicação do texto em veículos de comunicação científica (eventos e periódicos) e assim compartilhar nossas ideias e resultados com a comunidade (científica ou não).
Se você pretende ter (ou teve) o apoio e financiamento por órgãos de fomento, instituições de ensino superior e outras entidades é necessária essa divulgação, pois isso é a sua retribuição a quem acreditou no seu projeto. Saiba mais sobre novas formas de divulgação científica. Também o uso das redes sociais na internet para divulgar sua pesquisa.
A importância de citar
Citar é fundamental e obrigatoriamente precisam ser citações de artigos científicos fidedignas. Elas compõem a referência de trabalhos científicos anteriormente publicados. Significa que você fez menções a estudos já publicados por outros pesquisadores e podem fornecer contexto e sustentação teórica a novos trabalhos científicos originais a serem publicados. Citar nos dias de hoje estudos antigos e com pouca repercussão na época de sua publicação podem ajudar a encontrar soluções para novos problemas de pesquisa, como ocorreu durante o processo de se encontrar uma solução para a pandemia do novo coronavírus. Esses papers são chamados de “belas adormecidas”, mas só se sabe disso porque são citadas corretamente.
Não pode haver erros nesse processo, pois a sociedade pode ser prejudicada ao final. A FAPESP recentemente publicou uma nota sobre o uso da Inteligência artificial para verificar citações como sendo uma boa prática.
Qual importância de ser citado?
Um artigo publicado é tido mais ou menos importante de acordo com o número de citações que recebe (de outros autores e em outros textos), porém algumas áreas da Academia há divergência sobre isso, em virtude de essa contagem de citações ser baseada, em alguns casos, em fatores que poderiam divergir da realidade (como autocitação, citação negativa – um outro autor “destrói” o texto citado mas com isso gera “impacto” para ele).
As citações definem uma rede baseada nas ligações entre os textos, com a consequente formação de redes sociais de autores e instituições de ensino. Daí resultam diversos estudos, como centralidade de grau, nós, ligações e outros objetos dessa linha de pesquisa.
Leia sobre essas divergências aqui.
Como obter o índice h e o levantamento de citações: ISI Web of Knowledge
Como obter o índice h e o levantamento de citações: SCOPUS
Leia o texto Impacto segundo Nature: comentários sobre o número especial 502 (7471) 17 oct. 2013 publicado no Blog SciELO em Perspectiva.
Nota SBPC e ABC na revista Nature de 7 de novembro de 2013.
Mas como projetos de pesquisa são aprovados por órgãos de fomento usando como um dos quesitos de avaliação a contagem de citações dos textos de autoria daquele proponente, bem como a avaliação em processos seletivos e concursos para ingresso ou progressão em carreiras acadêmicas, isso se torna cada vez mais foco de discussão. Até por que envolve dinheiro, muitas vezes, público.
Mudanças na forma de avaliar a produção científica
Um texto da FAPESP discute as mudanças em curso na avaliação da pesquisa acadêmica e universitária. Tradicionalmente, a excelência em pesquisa era avaliada com base em indicadores quantitativos, como o número de artigos e citações. No entanto, nas últimas décadas, surgiram iniciativas que buscam tornar essa avaliação mais abrangente, inclusiva e alinhada com as necessidades locais e globais.
Essas iniciativas incluem a criação de rankings universitários internacionais, como o Academic Ranking of World Universities (ARWU) e o Times Higher Education (THE), que variam em metodologia e propósito. Além disso, plataformas foram desenvolvidas para medir o desempenho individual dos pesquisadores com base em indicadores quantitativos.
No entanto, a precisão desses indicadores quantitativos foi questionada, pois eles podem refletir vieses relacionados a gênero, língua, origem e raça, prejudicando a equidade na avaliação. Vários movimentos, como a Declaração de San Francisco sobre Avaliação de Pesquisa (Dora) e o Manifesto de Leiden, propuseram abordagens mais qualitativas e inclusivas na avaliação da pesquisa. NO Brasil temos o Métridas.edu
Em 2022, o Acordo de Reforma na Avaliação de Pesquisa, apoiado por várias organizações, estabeleceu o uso responsável de indicadores quantitativos na avaliação. Recentemente, o Global Research Council (GRC) divulgou uma Declaração de Princípios sobre Reconhecimento e Recompensa de Pesquisadores, destacando a necessidade de avaliações holísticas adaptadas ao contexto.
O texto também enfatiza a importância de migrar de métricas de resultado para métricas de impacto, onde o impacto é medido pela contribuição da pesquisa para melhorar a sociedade. Isso envolve ouvir as necessidades da sociedade, incluindo questões como transição demográfica, digital, socioeconômica e ecológica, e criar métricas que monitorem as respostas a essas expectativas.
Em resumo, o texto aborda as transformações em curso na avaliação da pesquisa acadêmica, buscando uma abordagem mais abrangente, inclusiva e orientada para o impacto, em contraposição aos indicadores quantitativos tradicionais.
O que são os fatores de impacto?
A ferramenta mais usada é o JCR – Journal Citation Report, que calcula os fatores de impacto de diversas publicações de cunho científico de todo o planeta e que são agrupadas por área de conhecimento. Só que o acesso à informação é pago.
Gratuito é o SCImago Journal & Country Rank, que usa o algoritmo PageRank (esse mesmo que deu origem ao Google) e a base Scopus para o cálculo dos resultados.
Há, ainda, o eigenFACTOR, desenvolvido pela Universidade de Washington e que atua junto à Thomson Reuters.
Conheça também o Google Scholar Metrics que traz o fator H dos periódicos científicos, inclusive em Português.
Estes são os dois mais tradicionais fatores de impacto usados pela Academia:
Como obter o índice h e o levantamento de citações: ISI Web of Knowledge
Como obter o índice h e o levantamento de citações: SCOPUS
Essas bases são pagas (e caras!) e alguns pesquisadores, simplesmente, não conseguem publicar nos periódicos que lá estão disponíveis. Mas, outra questão é colocada: a competitividade entre as instituições de ensino (nomeadamente as universidades) e a busca por mais visibilidade e acesso a recursos para financiamento de pesquisas. Ver o SIR – SCImago Institutions Ranking.
Alternativas de contagem de citações e de fatores de impacto
Já há tendências de dissociar fator de impacto de qualidade de pesquisa realizada.
Tem se falado, ultimamente, das alternativas de acesso aberto. Onde cada pesquisador pode gerenciar as suas próprias bases de citação. Entre elas:
O Spell é um sistema de indexação, pesquisa e disponibilização gratuita de produção científica, particularmente das áreas de Administração Pública e de Empresas, Contabilidade e Turismo. Com o objetivo central de promover o acesso, organização, disseminação e análise da produção científica de distintas áreas do conhecimento, o Spell cumpre com uma dupla missão: organizar, numa única base de dados, um significativo acervo de conhecimento e proporcionar acesso livre a usuários interessados na produção científica. No futuro, prevê a inclusão de periódicos de outras áreas do conhecimento, preferencialmente, na forma de coleções.
Constituem objetivos do Spell:
- Organizar a base de dados de periódicos, provendo acesso à produção veiculada em múltiplas fontes de interesse por meio de uma única plataforma web, atualizada dinamicamente;
- Proporcionar visibilidade à produção científica, particularmente aquela divulgada em periódicos editados no Brasil;
- Democratizar o acesso à informação, disponibilizando de forma ampla e irrestrita o seu conteúdo em consonância com o movimento internacional de Open Access Journals;
- Produzir e disponibilizar Indicadores de uso dos periódicos, facilitando a produção de estatísticas de impacto desses indicadores;
- Contribuir para que os periódicos constantes da base alcancem elevado desempenho e para ampliar o seu impacto como fonte de pesquisa referencial em suas áreas de atuação, por meio do investimento sistemático em visibilidade, acessibilidade, qualidade e uso desses periódicos.
Conheça o impacto dos periódicos lá inseridos clicando aqui
Google Scholar Citations (Extremamente amigável)
Microsoft Academic Search (Não acho muito amigável e ainda não me dediquei a entendê-lo – aguardo dicas)
Sobre o Altmetrics (que se trata de um indicador alternativo de impacto) recomento a leitura do texto Altmetrics, Altmétricas, Altmetrias: novas perspectivas na visibilidade e no impacto das pesquisas científicas de Sibele Fausto no Blog SciELO em Perspectiva.
Também recomento a leitura do artigo científico Altmetrics: nuevos indicadores para la comunicación científica en la Web 2.0 de Daniel Torres, Álvaro Cabezas y Evaristo Jiménez, publicado no periódico COMUNICAR.
Mas, acima de tudo, foque-se na boa escolha de periódicos (revistas) ou eventos científicos. Sempre se baseando na qualidade editorial e a importância que têm em sua área.
Gerenciamento de referências bibliográficas
Novas ferramentas colaborativas surgiram (e outras estão em desenvolvimento). E isso tem ajudado bastante os pesquisadores. Demanda uma dedicação inicial para aprender mas depois as vantagens são grandes.
Entre elas temos:
Leia entrevista com William Gunn, Chefe da Academic Outreach para Mendeley, publicado no Blog SciELO em Perspectiva, sobre a passagem do Mendeley para a Elsevier.
Veja outras postagens que ajudam a entender um pouco mais sobre esse tema:
Clique aqui para conhecer o Qualis CAPES 2022 da área de Administração, Contabilidade e Turismo.
SciELO em Perspectiva – Fator de Impacto
Prof. Dr. Francisco Restivo – Citações e Factores de Impacto
Profa. Dra. Helena Deodato – A Nova Bibliometria: as Novas Métricas da Moderna Produção Científica
Leia o texto El impacto de las revistas de comunicación: comparando Google Scholar Metrics, Web of Science y Scopus para entender a comparação entre os principais indicadores de impacto.
https://www.abcd.usp.br/noticias/projeto-metricas-fapesp-dora-no-brasil/
Ajuda a entender a realidade brasileira, a leitura do texto Correlações entre a contagem de citações de pesquisadores brasileiros, usando o Web of Science, Scopus e Scholar, de Paula Vanessa Medeiros Vieira e Jacques Wainer pulicado no periódico Perspectivas em Ciência da Informação
Lei este editorial da RAE que fala sobre Fator de Impacto e os periódicos nacionais
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Se quiser saber mais sobre o QUALIS CAPES>
Postagem atualizada em 22.09.2023
