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Sons no marketing: o poder do áudio na percepção das marcas

182 capa Sons no marketing o poder do áudio na percepção das marcas

O que você vai encontrar nesse conteúdo:

Qual a relação entre os sons e as marcas?

O som desempenha um papel significativo no marketing, permitindo que as marcas estabeleçam conexões emocionais com os consumidores ou as consumidoras. Por meio do som, as marcas podem evocar uma ampla gama de emoções, como alegria, nostalgia, excitação e confiança. A influência do som no marketing é inegável, e ele desempenha um papel vital na capacidade das marcas de estabelecer conexões emocionais com seus consumidores e isso é particularmente evidente no universo dos aplicativos de celular e produtos  digitais.

Quem esquece o “tudum” da Netflix? Ou o ronco de uma moto Harley Davidson? De uma Ferrari. E o da Intel, então? Com direito a esse trocadilho infame. Ah e a magia da Disney com sua abertura icônica ou “sonórica” 

No mercado isso chama de áudio design para as marcas. Mas não é muito explicado pelos profissionais de marketing e, sinceramente, pouco ensinado nos cursos por aí. Poucos especialistas em sound designers estão à disposição das agências e empresas que se preocupam com branding. Eu já falei do áudio social aqui antes. Vamos entender mais um pouquinho disso.

Exemplos de Uso de Som por Marcas

Coloco para vocês alguns exemplos populares de como as marcas utilizam o som para criar sentimentos específicos:

Nike – A Nike incorpora o som de um atleta correndo para estimular uma sensação de energia e empolgação. 

Coca-Cola – A Coca-Cola usa o som de um refrigerante efervescente para transmitir uma sensação de frescor e felicidade.

Apple – A Apple utiliza o som do iPhone sendo ativado para gerar uma sensação de confiança e exclusividade.

Como o Som Pode Evocar Emoções

O som tem a capacidade única de evocar uma ampla variedade de emoções. Por exemplo, risadas podem transmitir alegria, enquanto uma música nostálgica pode despertar sentimentos de saudade.

O som é capaz de provocar respostas emocionais imediatas e intensas. Nos produtos digitais, como os aplicativos de celular, essa capacidade é usada para criar experiências memoráveis para os usuários. Até os podcasts contribuem para isso. Manuais podem ajudar nisso também.

Vou apresentar alguns exemplos:

WhatsApp – O som do recebimento de uma mensagem no WhatsApp evoca uma sensação de antecipação e conexão. O “ding” característico tornou-se uma parte essencial da experiência do usuário, transmitindo a alegria de uma nova mensagem recebida.

Instagram – Quando você publica uma história no Instagram, o som do obturador de uma câmera é reproduzido. Esse som evoca uma sensação de criatividade e captura de momentos especiais, reforçando a marca como um espaço para compartilhar momentos autênticos.

Spotify – Ao iniciar o aplicativo, o som do acorde de abertura é uma marca registrada do Spotify. Isso evoca uma sensação de reconhecimento imediato e cria uma conexão emocional com a plataforma de streaming de música.

Tinder – Quando há um “match” no Tinder, um som de fogo é reproduzido. Esse som cria uma sensação de excitação e reforça a conexão emocional entre os usuários.

Esse aplicativo de relacionamentos, evoluiu e se destacou ao contratar uma agência especializada em design sonoro. Isso significa que a equipe do Tinder decidiu que o som era uma parte crucial da experiência do usuário em seu aplicativo, e eles queriam tornar os sons do aplicativo distintos e reconhecíveis.

Então, o que eles fizeram foi trabalhar com especialistas em design sonoro, que são profissionais que se dedicam a criar sons específicos para marcas e produtos. Esses profissionais projetaram todos os sons dentro do aplicativo de forma personalizada, de modo que cada som se tornou único para o aplicativo. Agora, quando os usuários ouvem uma notificação no Tinder, eles imediatamente reconhecem que não é uma notificação genérica, como as que você encontraria em outros aplicativos. Eles conseguem diferenciar os diferentes tipos de notificações, como quando recebem um “like” (curtida) ou um “match” (combinação mútua de interesses).

Portanto, percebe-se que o Tinder investiu no design sonoro para criar uma identidade sonora distinta, tornando a experiência do usuário mais memorável e única. Isso demonstra a importância do som no branding e na forma como as marcas podem ser reconhecidas e lembradas pelos seus clientes.

Branding acústico

O som pode ativar a memória, construir preferência, criar confiança e aumentar as vendas, tudo isso sob o conceito de “branding acústico”. Temos que prestar atenção à relevância desse aspecto muitas vezes subestimado no mundo dos negócios, pois  a música desempenha um papel crucial na maneira como as pessoas percebem as marcas. Portanto, é fundamental que as empresas considerem o áudio como uma parte essencial de suas estratégias de branding e marketing para criar conexões emocionais duradouras com seus consumidores.

Como os sons podem ser desenvolvidos pelo marketing

As marcas podem criar os seus próprios sons. Enquanto a identidade sonora representa a personalidade de uma marca por meio de sons, o sound branding abrange um conjunto de estratégias e práticas que utilizam o áudio para fortalecer a imagem da marca de várias maneiras. Alguns exemplos incluem:

Som ambiente: a música que toca no espaço físico da sua empresa também diz muito sobre a marca. Um escritório de advocacia, que tem um ambiente tradicionalmente mais formal, pode confundir seus clientes ao tocar heavy metal, por exemplo.

Voz da marca: a voz da marca é o que conduz como você e seus colaboradores se comunicam verbalmente com seu público. O nível de formalidade, uso de gírias, jargões e a forma de falar, em geral, devem ser padronizadas. Isso vale para o atendimento ao cliente, para a comunicação digital e também para as comunicações sonoras, como locuções de vídeos institucionais, mensagens telefônicas automáticas, assistentes virtuais, como a Siri ou a Alexa, etc.

Música tema: mais elaborada que o jingle, para ser utilizada para além da publicidade. Pode estar ao fundo de apresentações, em eventos etc. Também deve transmitir os valores e o propósito da marca.

Jingle: uma música criada especificamente para sua marca, com uma letra direta, simples e fácil de ser reproduzida e memorizada, para “ficar na cabeça” do público.

Logo sonora: é a identidade sonora, que explicamos no item anterior. Costuma ser composta por uma breve sequência de notas musicais ou efeitos sonoros que, assim como a logo visual, deve sintetizar de forma eficiente o posicionamento e os valores da marca. Ela pode ser executada junto a uma versão animada da logo, formando uma vinheta.

Como as Marcas Podem Utilizar o Som para Construir uma Conexão Emocional

As marcas podem empregar o som de várias maneiras para estabelecer conexões emocionais mais profundas com seus clientes:

Alinhamento com a Mensagem da Marca: Os sons podem ser alinhados com a mensagem central da marca. Por exemplo, marcas focadas em bem-estar podem empregar sons relaxantes para promover paz e tranquilidade.

Criação de Experiências Sensoriais: O som pode criar experiências sensoriais envolventes, como a utilização de sons da natureza para induzir relaxamento.

Evocação de Emoções Específicas: Sons podem ser usados para evocar emoções específicas, como a alegria e a celebração em eventos festivos.

Qual o nosso som?

O som é uma ferramenta poderosa para criar conexões emocionais entre as marcas e seus consumidores. Ao empregá-lo de maneira eficaz, as marcas podem oferecer experiências mais cativantes e memoráveis para seu público.

Imagine se você fosse uma música e a usasse para as pessoas te reconhecerem. Isso é completamente sobre sentimentos. Você consegue traduzir um sentimento numa música e consegue representar uma marca e fazer a pessoa sentir o que você quer que ela sinta. 

Branding é a  possibilidade de fazer as pessoas sentirem o que a gente quer, as sensações e as percepções.

Então eu não preciso necessariamente traduzir isso com palavras e imagens. Eu posso traduzir com qualquer coisa que comunique. E música ou som comunicam.Cria uma conexão, uma familiaridade. Assim como logos visuais são icônicos hoje, o áudio também pode ser. Aliás, é!

Prof. Alberto Claro

Doutor em Comunicação Social; Professor de Administração da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; Investidor-anjo em empresas de tecnologia, entretenimento e gastronomia; Diretor de Comunicação (voluntário) da Casa da Esperança de Santos®; Palestrante nacional e internacional na área de Administração, Comunicação e Marketing.

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