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Elementos estruturantes de um projeto de pesquisa

ELEMENTOS ESTRUTURANTES DE UM PROJETO DE PESQUISA

O que você vai encontrar nesse conteúdo:

Este post corresponde ao entendimento do que são elementos estruturantes de um projeto de pesquisa e os roteiros mais comuns para projetos de pesquisa.

Também escrevi um post só sobre projeto de pesquisa.

O desafio de se escrever um projeto de pesquisa

O maior desafio para os escritores de textos acadêmicos não é escrever e sim convencer seus leitores dos estudos e conclusões apresentadas. Acredita-se ser o maior desafio do cientista ser aceito pelos seus pares e ser referenciado por seus textos.

Segundo Volpato e Freitas (2003) no Brasil os pesquisadores lutam para aumentar o número de artigos publicados, já no quadro internacional a intenção é aumentar as citações do que é publicado.

Qual o tamanho de um texto científico?

Segundo Volpato (2011) “os brasileiros apreciam textos longos, comunicação complexa, resultados excessivos, expressões prolixas e ideias que confirmam o conhecimento já adquirido…” E salienta, erros na redação podem significar erros no raciocínio. Neste sentido faz-se necessário estruturar de forma adequada e convincente os textos acadêmicos.

Textos longos e prolixos podem facilmente levar as produções acadêmicas ao desinteresse do leitor, ocasionando, inclusive, erros de interpretações e equívocos na estrutura dos textos, tornando-os pouco atraentes.

Devo me preocupar com a redação científica?

Respeitar e seguir uma boa estrutura de texto é importante, porém, a redação é significativa para o bom entendimento, devendo ser clara e coerente. De nada valerá uma estrutura segundo as normas estabelecidas, se o texto apresentar problemas de concordância verbal, por exemplo.

Figueiredo e Bonini (2006) afirmam que no âmbito específico dos cursos de mestrado, os textos dos alunos apresentam problemas de organização micro e macroestrutural, refletindo um problema maior de circulação social, ou seja, os alunos têm dificuldade em identificar o gênero “artigo de pesquisa” como uma prática social cujos propósitos são o avanço dos diversos campos científicos e a circulação de conhecimentos dentro da comunidade discursiva acadêmica. Esclarecem que muitos trabalhos produzidos por mestrandos apresentam-se como uma “colcha de retalhos” composta de noções diversas (e muitas vezes desconectadas) sobre um campo, como se o propósito da produção de um artigo acadêmico fosse o mesmo de uma “prova”, isto é, o texto é produzido para que o leitor/professor possa avaliar (e atribuir uma nota para) o conhecimento do aluno sobre determinado campo.

O que se espera de um texto científico?

Os autores mencionam que durante a formação no ensino superior, espera-se que os estudantes universitários adquiram a capacidade de discutir e aplicar conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso (ou das disciplinas), e possam expor suas ideias sobre determinado tema, de forma clara e convincente. Para tal, o aluno universitário deve utilizar-se do discurso acadêmico, e dos gêneros aceitos para uso dentro deste discurso (na modalidade escrita, podemos citar o artigo acadêmico, a resenha, o relatório).

Explicam ainda, que muitos alunos demonstram dificuldade na produção de trabalhos escritos, tanto no que se refere à forma do texto quanto à construção de uma linha argumentativa e/ou expositiva que possibilite a exposição e discussão clara de teorias, fatos, ideias e posições pessoais.

Simões aponta duas razões que levam o aluno universitário ou de pós-graduação ao estresse no momento de produção do texto acadêmico escrito: o baixo conhecimento linguístico e um quase total desconhecimento da forma que este texto deve apresentar (2002, p. 31). Em suas palavras, “a produção do texto técnico científico, além do indispensável domínio específico do tema, requer conhecimento, no mínimo, satisfatório da língua instrumental em que será produzido. Isto porque a clareza – ou legibilidade – do texto é condição de seu aceite e credibilidade”.

Diante da redução da carga horária a que são submetidos, os cursos de graduação têm se empobrecido em conteúdo gerando, com isso, a necessidade de um número maior de pesquisas e produções acadêmicas. No entanto, a falta de desenvolvimento de hábitos de estudo tem causado pesquisas mal feitas e que, portanto, devem ser combatidas. Além disso, muitas monografias, dissertações e teses ficam esquecidas em arquivos institucionais, não sendo divulgadas. Ainda há os docentes mal preparados para ministrarem disciplinas pertinentes a pesquisa.

Segundo Simões, 2005, é criado, portanto, um círculo vicioso: o aluno não tem estímulo a pesquisa pela dificuldade de publicação e o editor reclama da baixa qualidade dos textos. O resultado é texto acadêmico engavetado e informação fora de circulação. É importante considerarmos que a evolução da ciência está vinculada aos avanços da pesquisa e, se esta não for bem feita ou se ficar armazenada, impede o fluxo de informações e compromete a própria evolução da ciência.

Quais as dificuldades mais comuns na hora de escrever um texto científico?

Pontes, Filho e Costa (2005) abordam as dificuldades a que os estudantes se submetem durante uma monografia, dissertação ou tese. Tais dificuldades afetam, diretamente, o estado emocional dos mesmos. No entanto, segundo os mesmos autores, antes de sermos racionais, somos seres emocionais. Ou seja, a emoção surge antes da linguagem. 

O escrever (e seu processo criativo) sofrerá o impacto da emoção, mas esta não precisa, necessariamente, refletir sofrimento. É possível utilizá-la de forma a gerar prazer, de forma relaxada e não tomada por ansiedade. Para tanto, os autores convidam o leitor a identificarem a origem e o desenvolvimento de um embrião como uma metáfora à origem e o desenvolvimento de uma pesquisa.

Processo de criação do texto acadêmico

Saiba mais sobre o processo  o processo de criação de textos e projetos de pesquisa acadêmicos por estudantes de pós-graduação (e, por que não graduação?), acesse aqui.

Claro que tudo começa com a escolha do tema, saiba mais sobre isso lendo este post que fiz sobre o assunto.

Para que serve a metodologia científica?

A metodologia da pesquisa científica tem como objetivo direcionar o pesquisador, instigando-o com um olhar mais indagador e curioso.

Para que a elaboração de um projeto de pesquisa tenha resultados satisfatórios é necessário que estes estejam baseados em planejamento cuidadoso, reflexões conceituais sólidas e estruturadas em conhecimentos já existentes.

Precisamos comunicar ciência

O sistema de comunicação da ciência se dá através dos canais informais, nos quais os processos de comunicação são ágeis e seletivos, onde o contato é feito face a face ou intermediado por um computador, disseminando a informação entre o pesquisador e seus pares, ou ainda, nos canais formais, onde o processo de comunicação é lento, porém necessário para a memória da propagação da informação para o público geral e responsáveis pela publicação oficial dos resultados de pesquisa.

Como avaliar a qualidade de um trabalho científico?

O trabalho científico segundo Demo (1991), é avaliado pela sua qualidade política e qualidade formal. Para Gil (1999), um bom pesquisador precisa ter além do conhecimento sobre o assunto, curiosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade social, somado a humildade perseverança e confiança na experiência.

Quanto maior o prestígio e o reconhecimento que um pesquisador obtiver em suas publicações, maior será seu sucesso, uma vez que este está associado a sua capacidade em angariar recursos e pessoas.

Importância da pesquisa científica

Exatamente por isso, se mostra importante o pesquisar e o elaborar adequadamente os trabalhos de cunho acadêmico.

Saiba mais sobre escrever ciência

Assista o vídeo produzido pela UnivespTV: “em quatro exemplos, o programa mostra instrumentos próprios de cada uma das modalidades da pesquisa em educação (…). São elas: o planejamento participativo, a entrevista e a observação, a análise de conteúdo, e a leitura e interpretação dos textos.”

Outro vídeo útil sobre o tema, no qual é feita uma “Síntese da disciplina Metodologia em Pesquisa Científica, pela professora doutora Marília Tozoni Reis do Curso Pedagogia Unesp.

Estado da Arte em boas práticas em pesquisa

Modelos de Projetos de Pesquisa, TCC, Dissertação e Tese

Eu costumo utilizar os seguintes modelos com os meus orientandos na UNIFESP:

Modelo da FAPESP

Modelo TCC da UNIFESP Baixada Santista – Instituto do Mar

Modelo de Projeto de Pesquisa UNIFESP do Mestrado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar

Modelo de TCC da UNIFESP Osasco

Modelo de TCC da UNIFESP São José dos Campos

Dicas de Referências para aprofundamento do tema

REDAÇÃO CIENTÍFICA E NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS: DICAS ÚTEIS

CRESWELL, J. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2. ed. Porto Alegre: Artmed e Bookman, 2010.

FELTRIM, V. D. Um Levantamento Bibliográfico sobre a Estruturação de Textos Acadêmicos. Working paper. Maringá (PR): Fundação Universidade Estadual de Maringá, 2007.

FIGUEIREDO, D. DE C.; BONINI, A. Práticas discursivas e ensino do texto acadêmico: concepções de alunos de mestrado sobre a escrita. Linguagem em (Dis)curso – LemD, v. 6, n. 3, p. 413-446, 2006.

PONTES, C. A. A.; MENEZES FILHO, A.; COSTA, A. M. O processo criativo e a tessitura de projetos acadêmicos de pesquisa. Interface – Comunic, Saúde, Educ, v. 9, n. 17, p. 439-450, ago. 2005.

SILVA, E. L. DA; MENEZES, E. M. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 3. ed. Florianópolis (SC): UFSC, 2001. 121p.

SIMÕES, D. A produção de textos acadêmicos. Working paper. Rio de Janeiro (RJ): UERJ, 2005.

VOLPATO, G. L. Ciência, publicação e redação científica. Rev. Eletr. Enf. [Internet], v. 13, n. 3, p. 374, 2011.

VOLPATO, G. L. The Power of Scientific Writing and Publication. Braz J Vet Pathol, v. 5, n. 1, p. 1-3, 2012.

VOLPATO, G. L.; FREITAS, E. G. DE. Desafios na publicação científica. Pesqui Odontol Bras, v. 17, Supl. 1, p. 49-56, 2003.

Post atualizado em 08 de novembro de 2022

Prof. Alberto Claro

Doutor em Comunicação Social; Professor de Administração da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; Investidor-anjo em empresas de tecnologia, entretenimento e gastronomia; Diretor de Comunicação (voluntário) da Casa da Esperança de Santos®; Palestrante nacional e internacional na área de Administração, Comunicação e Marketing.

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