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A importância do referencial teórico para um texto acadêmico e científico em Administração

A IMPORTÂNCIA DO REFERENCIAL TEÓRICO PARA UM TEXTO ACADÊMICO E CIENTÍFICO EM ADMINISTRAÇÃO

O que você vai encontrar nesse conteúdo:

Este post foi desenvolvido com reflexões pertinentes à Revisão da literatura e mapas da literatura de interesse e auxilia a entender  a  importância do referencial teórico para um texto acadêmico e científico em administração, mas também em outras áreas do conhecimento.

O que constitui uma contribuição teórica?

Pode-se dizer que a evolução da pesquisa científica depende do rigor e da adequação do método que o pesquisador emprega em seus trabalhos e na busca por dados primários, secundários e terciários de qualidade e que proporcionem uma conclusão com a menor possibilidade possível de equívocos e interpretações erradas.

McGrath (1982) apud Kovacs et al. (2004) defendem que não é possível realizar um estudo perfeito e que qualquer método de pesquisa terá, necessariamente, falhas.

Como inicio a escolha metodológica?

Contudo, parece claro que as escolhas sobre os métodos dos estudos, os desenhos de pesquisas e as análises utilizadas têm importantes implicações para a geração do conhecimento, o que exige do pesquisador um senso crítico mais apurado e criativo durante a seleção de um método de pesquisa mais adequado ao que será investigado e apresentado com relação ao problema identificado.

Como começo a pensar em dados de pesquisa?

Quando se fala em coleta de dados, primários, secundários e/ou terciários, vale ressaltar a importância e o critério da construção do questionário, da coleta e da transformação dos mesmos e entender que com os dados em mãos o pesquisador deve considerar importantíssimo a validade e a confiabilidade destes dados, Kovacs et al. (2004) dizem que: “entende-se como validade a confiança com que pode-se tirar conclusões de uma análise e como confiabilidade a consistência com que um instrumento de pesquisa irá avaliar (mensurar/interpretar) um fenômeno”.

Como avaliar se uma pesquisa é útil?

A validade de uma pesquisa pode ser avaliada de algumas formas, mas Malhotra (2004), em seu livro Pesquisa de Marketing: Uma Orientação, publicado em 2004, oferece uma ajuda quando defini três formas de validar uma pesquisa, a saber: a validade do conteúdo, do critério e do constructo. 

Quanto à validade do conteúdo é necessário observar o quanto é representativo o conteúdo da pesquisa por mais subjetivo que seja e se escala corresponde e responde ao conteúdo, o critério deve avaliar se a escala em questão condiz com o conteúdo da pesquisa e da própria escala e o constructo caracteriza as medidas da escala e a própria construção da escala. Com isto posto, a pesquisa passa a ter mais consistência e durabilidade.

O quesito confiabilidade deve fornecer informações consistentes e reais, que se perduram ao longo do tempo, McDaniels e Gates (2003, p. 282-283) vão dizer que uma escala de mensuração que proporciona resultados consistentes ao longo do tempo é confiável. 

A confiabilidade é o grau em que as mensurações estão livres de erros aleatórios e que, portanto, proporcionam dados consistentes. 

Portanto, a atenção para com os critérios e rigor da pesquisa, é de extrema importância para a credibilidade da mesma e de seus autores, outro fato importante a ressaltar é de que a confiabilidade da pesquisa faz com que outro pesquisador possa se utilizar dela para embasar ou dar continuidade ao problema investigado e também, se outro pesquisador trilhar o mesmo, ou mesmos caminhos, chegará ao mesmo resultado. 

“A confiabilidade é, portanto, uma das características mais importantes da ciência, pois a distingue do conhecimento popular, não científico. Para obter confiabilidade, além da utilização de uma rigorosa metodologia científica para a geração do conhecimento, é importante que os resultados obtidos pelas pesquisas de um cientista sejam divulgados e submetidos ao julgamento de outros cientistas, seus pares.” (CAMPELLO, CENDÓN; KREMER, 2000).

No que deve um pesquisador focar?

Quando um pesquisador se propõe a pesquisar, muitas são as dúvidas antes de se iniciar a produção de um trabalho científico, definir o problema, compor a revisão teórica necessária para a construção da base, a busca por autores seminais, aplicar a sua visão, experiência, inquietações, fonte de dados, mensuração e sentimentos, tudo isto compõem não só um ambiente empolgante e disciplinador para o pesquisador, como um desafio a ser analisado e desvendado, Alon (2009) escreve que, saber escolher bons problemas e essencial para a pesquisa e para o pesquisador, no gráfico abaixo é possível perceber como o autor classifica a amplitude do problema de pesquisa. 

Qual método utilizar em uma pesquisa?

Com base nisto o objetivo deste post é apresentar algumas metodologias que possam auxiliar o leitor e pesquisador iniciante em sua pesquisa, elaboração e apresentação de seus trabalhos.

Comece com bibliometria

Dentre as metodologias mais utilizadas está a Bibliometria que de acordo com Fachin (2001), “consiste na coleta, classificação, seleção difusa e na utilização de toda espécie de informações […] na forma de textos, imagens e outros”.

Gallon et.al (2008) cita Macias-Chapula (1998, p. 134), que dizem o seguinte: “o estudo bibliométrico é o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada” já para Caldas e Tinoco (2004), trata-se de um conjunto de métodos de pesquisa que utiliza análises quantitativa, estatística e de visualização de dados não só para mapear a estrutura do conhecimento de um campo científico, mas também como ferramenta primária de análise do comportamento do pesquisador na construção desse conhecimento.

Dentre este conjunto de métodos e com base em autores da área (WORMELL, 1998; VANTI, 2002) apresentam os cinco principais tipos utilizados pela bibliometria: análise de citações, análise de cocitação, agrupamento bibliográfico, co-word analysis e webmetria. Este estudo utiliza a análise de citações e o agrupamento bibliográfico. 

Ou seja, busca-se a medida quantitativa das publicações científicas de pesquisadores individuais e/ou instituições, considerando-se como base periódicos com seleção arbitrada, e a medida qualitativa destas publicações através de indicadores que incluem estudos comparativos de publicações e citações (PRITCHARD, 1998).

Pesquisa Bibliográfica

Outra metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, esta modalidade se caracteriza pela utilização de estudo e de análise de documentos de domínio científico, tais como livros, periódicos, ensaios teóricos e demais artigos científicos que compõem a base de pesquisa do pesquisador.

Pesquisa Documental

Além da pesquisa bibliométrica e bibliográfica, o pesquisador pode se utilizar da Pesquisa Documental que se caracteriza pela busca de informações em documentos que não receberam tratamento científico algum, como relatórios executivos, reportagens de jornais, revistas, cartas, filmes, gravações, fotografias, entre outros materiais de divulgação (OLIVEIRA, 2007).

A principal diferença entre a bibliografia e a pesquisa documental, esta necessariamente no cunho científico da coleta de dados, ou seja, uma esta embasada na busca por dados que constam de uma base científica, enquanto a outra (documental) em bases não científicas.

Qualquer artigo científico pode contar com uma análise documental como base para pesquisa de campo e coleta de dados primários.

Estrutura básica para uma pesquisa

Para finalizar este post, utilizando-se de autores importantes, será apresentado alguns passos ou métodos para a identificação do problema de pesquisa, coleta de dados, elaboração apresentação e agradecimentos, na ou para a construção de um trabalho científico.

Odashima (2006) apresenta uma estrutura interessante e que pode colaborar muito com construção de artigos, papers, textos, etc. 

A estrutura, incialmente e com um passar de olhos superficiais, parece simples, mas não é ela é constituída de setes passos, a saber: Resumo, Introdução, Modelos e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Agradecimentos. Estes passos são esmiuçados pela autora em sua obra completa, e que vale ler, intitulada “técnicas de escrita científica”.

Dicas de Referências para aprofundamento do tema

ELEMENTOS ESTRUTURANTES DE UM PROJETO DE PESQUISA

ESTRUTURAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS E CRITÉRIOS DE AUTORIA EM TRABALHOS CIENTÍFICOS

ALON, U. How to choose a good scientific problem. Molecular Cell, v. 35, n. 6, p. 726-728, 2009.

BERTERO, C. O.; VASCONCELOS, F. C. DE; BINDER, M. P.; WOOD JR., T. Produção científica brasileira em Administração na década de 2000. RAE-revista de administração de empresas, v. 53, n. 1, p. 12-20, fev. 2013.

CAMPELLO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte (MG): UFMG, 2000.

GALLON, A. V.; ENSSLIN, S. R.; SOUZA, F. C. DE; ROVER, S. Capital Intelectual: Análise Bibliométrica e Mapeamento da Pesquisa no Período de 2000 a 2006 em Três Fóruns Brasileiros. ROC – Revista Organizações em Contexto, v. 4, n. 8, p. 49-73, dez 2008

KOVACS, M. H.; LEÃO, A. L. M. DE S.; VIEIRA, R. S. G.; BARBOSA, L.; DIAS, C. DE M. Podemos confiar nos resultados de nossas pesquisas? Uma Avaliação dos Procedimentos Metodológicos nos Artigos de Marketing do EnANPAD. EMA – Encontro de Marketing da ANPAD, 1. Anais… Porto Alegre (RS): ANPAD, 2004

LEAL, R. P. C.; ALMEIDA, V. DE S. E; BORTOLON, P. M. Produção científica brasileira em finanças no período 2000-2010. RAE-revista de administração de empresas, v. 53, n. 1, p. 46-55, fev. 2013.

MAZZON, J. A.; HERNANDEZ, J. M. DA C. Produção científica brasileira em marketing no período 2000-2009. RAE-revista de administração de empresas, v. 53, n. 1, p. 67-80, fev. 2013.

MELO RIBEIRO, Henrique César. Bibliometria: quinze anos de análise da produção acadêmica em periódicos brasileiros. Biblios [online]. 2017, n.69, pp.1-20. ISSN 1562-4730.  http://dx.doi.org/10.5195/biblios.2017.393.

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PEREIRA, F. A. DE M. A evolução da teoria institucional nos estudos organizacionais: um campo de pesquisa a ser explorado. ROC – Revista Organizações em Contexto, v. 8, n. 16, p. 275-295, dez 2012.

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Post atualizado em 08 de novembro de 2022

Prof. Alberto Claro

Doutor em Comunicação Social; Professor de Administração da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; Investidor-anjo em empresas de tecnologia, entretenimento e gastronomia; Diretor de Comunicação (voluntário) da Casa da Esperança de Santos®; Palestrante nacional e internacional na área de Administração, Comunicação e Marketing.

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