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Que TÍTULO dar ao meu texto acadêmico-científico? E as palavras-chave ou descritores? Saiba como elaborar

Que TÍTULO dar ao meu texto acadêmico-científico? E as palavras-chave ou descritores

O que você vai encontrar nesse conteúdo:

PORQUE TENHO QUE DAR UM TÍTULO AO MEU TRABALHO CIENTÍFICO

Como pesquisador, sempre a lidar com textos acadêmico-científicos, chego ao final da redação, ou até mesmo nos momentos que antecipam o ato de submeter o estudo para a avaliação da comunidade científica,com uma grande dúvida em mente: Qual TÍTULO dar ao meu texto acadêmico-científico? E as palavras-chave ou descritores? Saiba como elaborar lendo o texto abaixo  em sua integralidade.
 
Esse momento de expor meu texto à comunidade científica, seja em eventos da minha área de conhecimento ou em periódicos Qualis para que possamos atender às exigências de produção a que somos subordinados, exige diversas reflexões para ver se tudo está certo com ele, e o título é uma das preocupações fundamentais.
 
Em virtude disso e atendendo a pedidos de colegas pesquisadores, orientandos e demais alunos que passo a discorrer sobre o tema nesta postagem.
 
Matos (1998) já afirmava que saber ler títulos de trabalhos científicos é ponto fundamental para saber criá-los. Outro ensaio interessante nos é dado por Annesley (2010). Além disso, como o estudo realizado por Neubert et al. (2012) mostra, um título com as palavras adequada acaba sendo encontrado pelos nossos pares da academia e acaba sendo citado. Sabemos o quanto é importante sermos citados, conforme nossa postagem “Entenda o que é fator de impacto e contagem de citações em pesquisa científica”.
 
Um título deve ser “claro, conciso, concreto e criativo” (MATOS, 1988, p. 778). Para o autor deve-se evitar supérfluos e diretamente focado com o objeto de estudo. Eu considero que um bom título deve ser um atalho explicativo para o objeto estudado e para a técnica de pesquisa usada, facilitando assim a busca por quem está “enfiado” com diversos textos esperando encontrar algo para o seu próprio texto de investigação.
 
Um título é a linha de frente do nosso texto perante um leitor ávido por informação e relevância. Ele é o primeiro item que se sobressai e nele depositamos as nossas esperanças para que alguém leia o restante do que escrevemos. Por isso que Annesley (2010) insiste em que fechemos o nosso manuscrito com ele, pois é encerramento de uma reflexão sobre o nosso tema. Ele anuncia todo o resto, portanto, nada mais lógico que todo o resto já ter sido feito. Conecta nosso relatório de pesquisa a toda a comunidade científica. “Baita” importância! Não concordam?
 
Ser claro, ser conciso e ser informativo são outras dicas que Annesley (2010) nos dá. Digo que o tamanho de um título deve ser o suficiente para passar a mensagem que se quer sem fazer com que o leitor fuja de nós (ou do nosso texto). Eu indico no máximo 15 palavras (mas, vejam, em casos extremos!). Veja para onde pretende enviar seu manuscrito para avaliação e percebe as regras quanto a isso. Se você reler o seu título uns dois dias depois que o elaborou irá perceber que ele está exagerado. Então a dica é: elabore o texto e depois retorne a ele com uma leitura crítica. Verá que a reformulação se faz necessária.
 
TÍTULO DE UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO, MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO, TESE
 
imageA NBR 14724:2011 traz informações de como deve ser um título: “claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e a recuperação da informação”. E os subtítulos, quando houver, devem ser precedidos de dois pontos. Não há necessidade de colocar os subtítulos em letra menor, ou minúsculas, ou com destaque tipográfico diferente do título. Claro, a não ser que as normas de submissão do evento ou periódico científico assim exigirem. Algumas instituições de ensino ou agências de fomento também pedem algo diferenciado. Fique atento a isso.
 
Esta NBR conceitua o que é um título em “3.34. título: palavra, expressão ou frase que designa o assunto ou o conteúdo de um trabalho”. E o que é um subtítulo em: “3.30. subtítulo: informações apresentadas em seguida ao título, visando esclarecê-lo ou complementá-lo, de acordo com o conteúdo do trabalho”. Assim, você poderá tirar suas próprias conclusões e seguir a norma.
Ainda seguindo a norma, o título é um elemento obrigatório e vem na capa do trabalho (monografia, trabalho de conclusão de curso, dissertação, tese), conforme a informação extraída do item “4.1.1. capa: (…) c) título: deve ser claro e preciso, identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da informação; d) subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título; (…)”. O título também deve ser inserido em outras partes do trabalho, como na folha de anverso, na folha de aprovação. Já a nomenclatura dos títulos dos elementos textuais fica a critério do autor. Ah, evite abreviações ou siglas em um título.
 

TÍTULO DE UM ARTIGO EM PUBLICAÇÃO PERIÓDICA CIENTÍFICA IMPRESSA (ou até mesmo digital)

 
imageA NBR 6022 trata de como se elabora um título quando se trata de um artigo para ser publicado em uma revista científica (impressa ou digital, o que´vem sendo mais comum atualmente). A mesma informação se pode utilizar quando se trata de um evento científico. Claro, a não ser que as normas de submissão do evento ou periódico científico assim exigirem. Fique atento a isso.
 
Essa norma trata do assunto nos itens: “3.25 título: Palavra, expressão ou frase que designa o assunto ou o conteúdo de uma publicação.”; e “3.23 subtítulo: Informações apresentadas em seguida ao título, visando esclarecê-lo ou complementá-lo de acordo com o conteúdo da publicação.”
 
O título deve estar situado dentro da estrutura do artigo científico como orienta a NBR nos elementos pré-textuais, conforme a seguir: “5.1 Elementos pré-textuais: Os elementos pré-textuais são constituídos de: a) título, e subtítulo (se houver); (…)” e, também, nos elementos pós-textuais: “5.3 Elementos pós-textuais: Os elementos pós-textuais são constituídos de: a) título, e subtítulo (se houver) em língua estrangeira; (…).”
 
Nas regras gerais de apresentação a NBR 6022 aponta que “6.1.1 Título e subtítulo: O título e subtítulo (se houver) devem figurar na página de abertura do artigo, diferenciados tipograficamente ou separados por dois-pontos (:) e na língua do texto.”. Ver item 6.3.1 para título em língua estrangeira.
Sugiro dar uma olhada nas normas da APA quando se tratar de publicar em periódico ou evento internacional.
 
PALAVRAS-CHAVE (DESCRITORES) ESCOLHIDAS PARA UM TEXTO CIENTÍFICO

 

Você conhece o motivo do uso de palavras-chave nos livros e artigos científicos? É comum que as palavras-chave venham a se repetir ou sejam retomadas por sinônimos ao longo do texto. Por constituir o “esqueleto do texto” servem para pavimentar o caminho da leitura. 
 
Essas palavras auxiliam na parte de indexação das obras de diferentes bases de dados, além de facilitar a disseminação do conhecimento, já que funcionam como “ferramentas de representação”, necessárias em um processo inicial de filtragem, permitindo assim a criação de um entre o universo dos documentos originais e o dos usuários de informação.
 
FAZENDO ISSO VOCÊ SERÁ ENCONTRADO, LIDO E CITADO
 
imageO uso de palavras-chave (ou descritores) em um texto acadêmico-científico é muito comum, em muitos casos, obrigatório. Então pretendo também ajudar com este item. Há poucos estudos sistemáticos que tratam o tema, como atestam Costa e Moura (2013). Se tiver sugestões me envie, vou fiar bem agradecido!
 
Um texto que há tempos debate essa a questão é o de Mattos (1972, p. 25), que define “palavra-chave como sendo todo vocábulo ou conjunto de vocábulos de um documento que possua conteúdo informático.” Ele explica que “quando constituída de um único vocábulo, a palavra-chave deverá ser um substantivo ou um verbo”, e exemplifica que “as palavras ‘de’, ‘também’, ‘ela’, ‘pequeno’, etc., não possuem conteúdo informático, agindo apenas como elementos de ligação e de qualificação. Em caso de ser constituída de um conjunto de vocábulos, a palavra-chave, para possuir conteúdo informático, deve expressar, auto suficientemente, uma ideia completa”.
 
 
Novamente, Annesley (2010) alerta para a importância deste item de um texto e para o cuidado que se deve ter com a sua escolha. Meus orientandos e alunos, comumente, escolhem as mesmas palavras do título e as repetem neste local. Podemos afirmar que seria interessante variar até porque usando mais opções de termos sua chance de ser encontrado nos motores de busca na internet (Google, Bing, e etc.) ou nas bases de dados para referência teórica (Scopus, Google Acadêmico, SPELL, entre outros) aumenta.
 
 
Saiba mais sobre esses possíveis locais para pesquisa em “Fontes de informação para construção do referencial teórico de um texto científico”.
 
 
Mas não necessariamente precisa escolher termos diferentes para o título e para as palavras-chave. Elas precisam ser diretamente relacionadas com o que é encontrado no decorrer do texto. Não coloque palavras-chaves que fogem do objeto do seu estudo, o que pode frustrar pesquisadores que se interessaram por elas. Evite termos genéricos pois podem trazer significados diferentes. Ah, evite abreviações ou siglas em um conjunto de palavras-chave.
 
 
Coloque-as pela ordem de importância dentro do seu estudo. Por exemplo, se o seu estudo tem como objeto o comportamento de consumo de moradores da periferia de uma grande cidade quando visitam um shopping center localizado na região central desse mesmo município, podemos sugerir a seguinte ordem de importância: “marketing”, “comportamento de consumo”, “shopping center”, “periferia”, “centro da cidade”. Só um exemplo, mas espero demonstrar a ideia da ordem de importância decrescente. Sugiro que o número de palavras-chave não seja menor do que três ou mais do que cinco.
 
 
A NBR 6022 trata do tema no item “3.17 palavra-chave: Palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida em vocabulário controlado.” Aponta onde elas devem estar localizadas no texto ao lermos o item “5.1 Elementos pré-textuais: Os elementos pré-textuais são constituídos de: (…) d) palavras-chave na língua do texto” e o item “5.3 Elementos pós-textuais: Os elementos pós-textuais são constituídos de: (…) c) palavras-chave em língua estrangeira; (…)”.
 
 
Ela indica ainda:
 
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Já a NBR 6028, de forma similar, a define no item “2.1 palavra-chave: Palavra representativa do conteúdo do documento, escolhida, preferentemente, em vocabulário controlado” e no item “3.3.3 As palavras-chave devem figurar logo abaixo do resumo, antecedidas da expressão Palavras-chave:, separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto.”
 
 
Lembrando que também se deve ficar atento às exigências específicas das instituições de ensino, agências de fomento, periódicos e eventos científicos que podem ser diferentes destas aqui apontadas.
 
 
Espero contribuir para seu texto de pesquisa e sugiro, também, a leitura de outras postagens que vão ajudar no entendimento sobre a redação de um texto científico:

 

Mais dicas sobre o tema
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assista também o vídeo do Prof. Dr. Gilson Volpato sobre o tema
 

 

 
Sugiro também a leitura dos seguintes textos publicados:
 
 
ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14724:2011 – Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos — Apresentação, 2011.
 
ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6022:2003 Informação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação, 2003.
 
ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6028:2003 Informação e documentação – Resumo – Apresentação, 2003.
 
 
 
MATOS, F. G. O título de um trabalho científico: claro, conciso, concreto e criativo. Ciência e Cultura, v. 40, n. 8, p. 778–779, 1988.
 
 
 
Deixe aqui seus comentários e contribuições, além de, é claro, compartilhar com seus colegas.
 

Atualizado em 03 de dezembro de 2022

Prof. Alberto Claro

Doutor em Comunicação Social; Professor de Administração da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; Investidor-anjo em empresas de tecnologia, entretenimento e gastronomia; Diretor de Comunicação (voluntário) da Casa da Esperança de Santos®; Palestrante nacional e internacional na área de Administração, Comunicação e Marketing.

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